O Tédio
(suspiro)
O tédio era tão grande
que eu comecei a fazer tricô
E depois o tédio era tão grande
que eu comecei a desfazer o tricô.
Fazia, desfazia.
Logo o tédio era tão grande
que eu comecei a enrolá-lo em novelos de lã.
Desenrola, enrola.
Agora o tédio é tão grande
que eu comecei a escrever este poema...
Pelo menos este poema não é de amor,
O tédio não é tão grande assim...
(bocejo)
E a vida, eu, passa arrastada...
Eu passo e deixo marcas de analgésicos pelo chão.
Penso em vender nas farmácias
pequenos pedaços de mim como sonífero.
Tenho o poder de monotonizar.
Mas hoje parece que algo se ritmiza,
Apesar do meu descontentamento,
E surge uma vontade de fazer um movimento.
(sono)
Ah, disritmia...
Minha pseudofelicidade.
(sonho)
Pessoas incompletas são,
No máximo,
Alegres.
(despertador)
Acredito realmente que tudo o que digo sobre
mim é mentira. Ilusão. O que eu realmente sei
sobre mim... isso eu não direia a ninguém.
Renata Rogowski Pozzo
Poema integrante do livro "5º concurso literário de conto de poesia da Ação Cultural Sinergia